Autor: Marcello Abreu

Para descansar um pouco da labuta semanal de produzir “Atlante”, a partir deste domingo vou postar a coluna “Memorabilia”, basicamente contando um pouco sobre trabalhos que fiz anteriormente e que, de uma forma ou de outra, se refletem na minha produção atual.
Vamos, então, a “A Hapless Soul”. Publicado na edição #8 da revista digital Digital Webbing Presents, “A Hapless Soul” é um “western” escrito por Terence Anthony, dramaturgo radicado em Los Angeles que,  entre uma peça e outra, tem se aventurado escrevendo quadrinhos. Seu mais recente lançamento foi a webcomic “Protege” (www.protegecomic.com) com bela arte em preto e branco de Juan Romera.  “A Hapless Soul” narra o improvável encontro entre o batedor do exército americano Elijah Sixkiller, cego, e um U.S Marshall em missão especial. Sendo um apreciador de faroestes, leitor voraz de Tex e Ken Parker durante muitos anos, foi muito legal trabalhar nessa história, principalmente pelos personagens que fogem do usualmente mostrado no gênero. Abaixo o processo de produção de uma das páginas, desde o layout até a arte-final.
Digital Webbing Presents #8 pode ser encontrada na loja online Comixology (www.comixology.com). Dêem uma conferida!!

Layout “A Hapless Soul”

Como bem notaram alguns leitores de “Atlante”, sou bastante influenciado pelos quadrinhos americanos das décadas
de 40 a 80. Tanto é verdade que gostaria de recomendar “Blazing Combat”, uma de minhas revistas favoritas desse período.
“Blazing Combat” foi publicada nos anos 60 pela editora Warren. Infelizmente, a revista só durou quatro números.
Mesmo contando com talentos como Wally Wood, Alex Toth, Al Williamson, Gene Colan, John Severin, Russ Heath, entre outros,
a revista foi rejeitada pelo mercado devido à percepção de ser uma publicação contrária à guerra do Vietnã. Todas as histórias
foram escritas por Archie Goodwin e, de fato, têm um caráter mais humanista e cru com relação ao cotidiano da guerra. Definitivamente,
não é uma revista de aventuras gloriosas ao gosto de patriotas guerreiros. Algumas pessoas não gostam de ser lembradas do que realmente significa viver em combate, principalmente quando não são elas, ou seus filhos, que estão no “front”.

Tenho em casa uma edição capa-dura americana que coleta os quatro números originais de “Blazing Combat”. Não me canso de reler e folhear.
A arte é maravilhosa, as capas são de Frank Frazetta! Não sei se já existe alguma edição brasileira. Em todo caso, procurando pela internet
dá pra achar a edição original em inglês.