Eu não assisti a “Chaves”. Não fez parte da minha infância e confesso que ignorava completamente o programa.
Passei a perceber sua existência quando, já adulto e hospedado na casa de uma tia, em São Luís, Maranhão, notei que um de meus primos,
também longe de ser uma criança, parava tudo a uma determinada hora do dia para assistir a… “Chaves”! Religiosamente. Sem pudor ou vergonha dizia “depois do Chaves”, “agora é hora do Chaves”. Ok, pensava eu, cada um com seus gostos.
Anos se passaram e já nem me lembrava direito dessa visita. Eis que, em determinada fase de minha vida, não recordo exatamente as
circunstâncias, criei a rotina de chegar do trabalho e fazer um lanche em frente à TV, lá pelas seis da tarde, algo assim . Hora do “Chaves”. Passei a ligar a televisão no SBT. Antes assistir a um programinha leve do que às novelinhas ou ao mundo-cão que infestavam (ainda infestam) o horário. É só pra enrolar o tempo enquanto como, pensei. Bom, desnecessário dizer, fui finalmente fisgado! Então é por isso! É isso que magnetiza tanta gente! É isso que eu estava perdendo! Só não me perguntem o que era exatamente o “isso” que me divertiu de verdade durante alguns meses. Os personagens, simples, carismáticos, engraçados? Seu Madruga, Kiko? Os bordões? Não sei. Só sei que, nos poucos episódios a que assisti, percebi o valor do Chaves como entretenimento, tardiamente. Depois mudei de rotina e Chaves ficou definitivamente para trás, uma lembrança. Boa lembrança.
A morte de seu criador, Roberto Bolaños me fez escrever essas linhas. Outros, mais informados e entendidos, que procurem altos significados na sua obra. Esse texto é só um agradecimento. Chaves me fez rir. Valeu!